SALMO 2 – A COROAÇÃO DO
UNGIDO DE DEUS
Os Salmos são a nossa maior fonte poética para penetrarmos no
conhecimento de Deus. Eles contém mensagens de ânimo e encorajamento para o
povo de Deus em nosso tempo. Eles contém mensagens de fé, esperança e vitória.
Ali nós encontramos o segredo da verdadeira religião, que é a religião do
coração. Temos ali na beleza da poesia, a história passada dos atos salvadores
de Deus e a promessa segura de um futuro eterno.
Temos ainda no Livro dos Salmos o
ensino de todas as doutrinas da
Bíblia. Nele encontramos a doutrina da Criação, da Redenção e da Preservação.
Os atributos comunicáveis e incomunicáveis de Deus estão claramente expostos.
As expressões do caráter de Jeová Se encontram ali, a Sua justiça, a misericórdia e a graça, bem
como a Sua onipotência, imutabilidade e eternidade. Os Salmos nos falam sobre o
Santuário, a Lei de Deus, o Juízo final, a Salvação e a Cruz. Ali encontramos a
doutrina da Mortalidade da alma, da Ressurreição e a esperança da Vida Eterna. Ali
encontramos o verdadeiro conhecimento de Deus e de Jesus Cristo.
I – REBELIÃO UNIVERSAL (1-3)
1. O Salmo 2 começa com duas perguntas: (v. 1).
(1) A 1ª pergunta: "Por que se enfurecem os
gentios?"
(a) Os gentios estavam irados.
Esta era a atitude das nações idólatras no tempo de Davi. Eles estavam
enfurecidos. A prova disso estava nas guerras com que se envolviam para matar e
roubar. A ira das nações se manifesta nas guerras; a ira dos estados se
manifesta nas revoluções; a ira dos indivíduos se manifesta nas brigas. É a
rebelião universal.
(b) Esta é uma profecia muito
atual que se cumpre em nossos dias. A Bíblia diz que no tempo do fim as
nações se enfureceriam (Ap 11:18). Disse Cristo que antes de Sua vinda
surgiriam "guerras e rumores de guerras... Porquanto se levantará nação
contra nação, reino contra reino." (Mt 24:6-7). Portanto, isso indica que
estamos no tempo do fim, que se apressa a passos largos, culminando na
destruição do mundo e dos pecadores.
(c) Mas a pergunta mais perscrutadora é "por quê?" Por que se enfurecem os povos, as nações e os homens
em geral? Por que estão irados? A resposta já está implícita na pergunta: não
há nenhuma razão para ficarem irados. Deus perguntou a Caim: "Por que
andas irado? E por que descaiu o teu semblante?" (Gn 4:6). Ele perguntou a
Jonas: "É razoável essa tua ira?" (Jn 4:9). É racional mostrar toda a
sua ira? Aonde isto o levaria? É irracional resolver as coisas com ira! Quando
você encontra alguém que não respeita os seus limites, como você reage?
(2) A 2ª pergunta: "Por que os povos imaginam
coisas vãs?"
(a) A palavra "imaginam"
é a mesma palavra traduzida por "medita", no original do Sal. 1:4. O
justo medita na Lei de Deus. Os ímpios também "meditam", e como
resultado, ficam furiosos. A ira é um sentimento interno que se demonstra
externamente, mas se origina nas meditações secretas do coração.
(b) Deus conhece a revolta
de dentro do próprio coração dos rebeldes, que por sua vez "imaginam
coisas vãs". A imaginação, se não for direcionada, pode se desviar da
justiça para as coisas vãs. É inútil se revoltar, é inútil revelar a ira de
dentro do coração.
(1) Os reis estão revoltados contra o SENHOR.
A palavra SENHOR é tradução de
Yahweh, e significa "o Eterno", "Aquele que vive por Si
Mesmo". Jehovah, é o grande, o glorioso e incomunicável nome de Deus, e é
expressivo de Seu Ser eterno e auto-existência. Ele tem esse nome de modo
exclusivo, porque só Ele possui esta qualidade.
Então, esses reis e príncipes
estão se revoltando contra Alguém
que é o próprio Eterno. Portanto, eles estão se irando contra a Pessoa errada,
porque estão em completa e esmagadora desvantagem. Como pode alguém de posição
privilegiada e conhecimento se revoltar contra Deus? Eles estão revoltados
contra Jeová, o Eterno, o próprio Criador. Este é o mistério da iniquidade.
(2) Os reis e príncipes estão revoltados contra "o
Seu Ungido". Quem
é o Ungido de Deus? Ungido é a tradução de "Messias" no hebraico e
"Cristo" no grego. A Bíblia diz que o Ungido seria o Senhor Jesus
Cristo. Daniel já falava dEle como o "Ungido, o Príncipe" (Dn 9:25). Ele
é 'Miguel, o grande Príncipe, o Defensor dos filhos do teu povo" (Dn
12:1).
3. Mas, como podem reis e príncipes conspirar
contra Deus e o Seu Ungido? Eles não estão seguros no Céu? Como podem fazer
complôs e se levantar contra Eles? Herodes o grande, o rei da Judéia, tentou
tirar a vida de Jesus na Sua infância; o rei Herodes Antipas, o tetrarca
da Galiléia, com seus homens de guerra zombaram dEle, e O desprezaram; Anás
e Caifás se reuniram em concílio para decidirem o que fariam para tirar
a vida de Jesus. Pôncio Pilatos, o governador da Judéia, que
representava o imperador romano, condenou-O à morte. E todos os reis da terra
desde os mais remotos tempos, que se levantaram contra Deus e contra o Seu
Ungido na pessoa do Seu povo, em guerras, perseguições e massacres, cumpriram
esta profecia.
(1) Este é o grande conflito dos séculos que Satanás está promovendo, desde o começo. Ele não queria que Deus governasse
sobre ele. Ele teve inveja de Jesus Cristo porque Ele foi escolhido, honrado e
ungido como o Filho de Deus. Lúcifer disse que as leis de Deus eram restrições
injustas e desnecessárias. Assim ele espalhou esse argumento no Céu. E muitos
se uniram a ele. É o princípio do antinomianismo: falta de lei. É o princípio
da anarquia: não querem que Deus seja rei sobre eles, e vem o caos. É
auto-deificação: quando os homens rejeitam as leis de Deus, se deificam a si
mesmos, fazendo suas próprias leis.
(2) Hoje não é diferente de antigamente. Os governantes fabricam as suas
leis e se insurgem contra a Lei de Deus, e é por isso que falta a justiça e a
verdade anda tropeçando pelas praças. E como um resultado, a insatisfação
cresce de uns para com os outros e a revolta se multiplica. As multidões estão
"sem ar, sem luz, sem razão", para usarmos as expressões de Castro
Alves.
(3) Com efeito, não há razões palpáveis
para ficarem irados e revoltados contra Deus. Não há motivos nem para os reis
nem para os príncipes, nem para as nações fazerem levantes nem conspiração
contra o Senhor da Terra. Também não há motivos para você ficar revoltado.
(4) Você conhece alguém revoltado
contra Deus? Conhece algumas pessoas que falam contra Deus e contra o Senhor
Jesus Cristo? Eles apresentam as suas acusações, falam da injustiça e dos atos
e "omissões" de Deus. Falam do avanço da ciência e do neodarwinismo.
E ficam nervosos se você tentar convencê-los, eles ficam irados, enfurecidos se
você os desmascarar, apresentando a inteligência da necessidade de um
"designer inteligente". Você não vai convencer a uma pessoa irada,
enfurecida e revoltada. Ela sempre tem razão, embora agindo
irracionalmente.
1. Qual a reação de Deus? V.4: "Ri-se Aquele que habita nos
céus; o Senhor zomba deles."
(1) Este é um aspecto
interessante da personalidade de Deus. Temos ouvido acerca dos atributos
divinos, mas é difícil ouvirmos que Ele se ri. Eu gosto desta expressão que
indica que nós temos um Deus um tanto humorístico, um Deus que reage, que tem
sentimentos, muito diferente dAquele Deus impassível que nos pintam muitos
teólogos. Entretanto, as Escrituras nos tem retratado a personalidade divina
desse modo mais relacional. Este é um aspecto antropomórfico, visando explicar
o sentimento de Deus em linguagem humana.
2. Qual é a outra reação de Deus? V. 5: "Na sua ira, a seu tempo,
lhes há de falar e no seu furor os confundirá."
(2) O que é a ira de Deus?
Se os gentios se enfureceram, se as nações estão iradas, agora é a vez de Deus
revelar a Sua ira. O homem foi feito à semelhança de Deus e como nós temos ira,
Deus tem ira. Mas qual é a diferença entre a ira de Deus e a ira do homem? A
ira do homem é motivada pelo pecado; a ira de Deus é motivada pela santidade. A
ira do homem é uma paixão irracional e descontrolada, visando a vingança; a ira
de Deus é um princípio controlado, racional, visando a justiça. A ira do homem
revela injustiça; a ira de Deus revela Sua inescapável justiça.
(3) Quando será o Dia da Ira de Deus?
Diz o salmista Davi que ela se demonstrará "a seu tempo". Sabemos que
esse tempo será pouco antes da volta de Cristo, o Seu Ungido, e se revelará nas
7 Últimas Pragas que sobrevirão ao mundo. Hoje vemos que a ira de Deus
está mesclada com a misericórdia. Mas isto é apenas por esse tempo de
graça, enquanto temos oportunidade de nos arrepender de nossos pecados e nos
levantar a favor do nosso grande Deus e de Jesus Cristo. Mas naquele tempo a
Sua ira se revelará sem misericórdia, e todos os ímpios habitantes da terra
serão destruídos. E todos proclamarão a justiça do Rei do universo.
1. Até o v. 5, falava Davi. Agora, Deus está falando. O que Ele está
dizendo? "Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o Meu santo monte Sião."
(v. 6). A palavra "Eu" se
refere a Deus o Pai que diz: "Eles estão irados e insatisfeitos com a
Minha lei e com o Meu Ungido. Eu, porém, constituí o Meu Rei".
2. Deus tem o Seu Rei teocrático.
Ele vai estabelecer um reino universal sobe esta Terra, em breve. O seu
Rei a quem Ele escolheu já foi constituído. Ele estará sobre o monte Sião.
Sião era a fortaleza de Jerusalém; sobre o monte Sião estava edificada a cidade
de Jerusalém terrestre. O monte Sião é descrito como habitação de Deus, o Céu
dos céus (Hb 12:22; Ap 14:1). Lá estará o Rei constituído por Deus. Lá Jesus
Cristo foi constituído como o "Rei dos Reis e Senhor dos senhores".
Esta é uma mensagem poética, mas também profética e escatológica.
3. Mas agora, é a vez do Rei ungido falar. V. 7: "Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu
Filho, eu, hoje, te gerei." Aqui o próprio Messias está falando ao proclamar
o decreto de Deus o Pai. Este é um decreto eterno e imutável, estabelecido por
Deus diante de todo o universo. Qual é o decreto? Deus Se revela como o Pai do
Messias e diz para o Seu escolhido: "Tu és o Meu Filho! Eu, hoje, Te
gerei!"
(1) O que significam estas palavras?
Porventura Deus gerou a Jesus Cristo, originando o Filho de Sua própria
natureza? Estaria certa a mitologia grega que ensinava que os
seus deuses eram gerados entre si mesmos, como acontece com a família humana?
(a) Foi o próprio Diabo que
inventou toda essa estória, e torceu as Escrituras, de tal modo que mesmo hoje muitos
estão ensinando que Jesus Cristo é o Filho de Deus no sentido restrito da
palavra, no sentido humano. Eles dizem que Jesus Cristo Se originou da natureza
de Deus, que o Soberano gerou literalmente a Cristo, dando-Lhe origem de
existência.
(b) Entretanto, esta interpretação
é equivocada. Precisamos interpretar
a Bíblia nos termos da Bíblia, considerando os antropomorfismos, que são, como
vimos, a descrição de Deus na linguagem humana. Os profetas jamais poderiam
usar linguagem divina, porque eles nem a possuíam e nem nós a compreenderíamos.
(2) Em que sentido Jesus Cristo foi "gerado"?
Em que sentido Cristo é o Filho de Deus? Poderia ser Ele "gerado" por
Deus, no sentido humano da palavra? É impossível interpretar literalmente estas
palavras, porque a própria Bíblia testifica que Jesus Cristo é eterno, imortal,
incriado e sem origem (Jo 1:1-3). Ele jamais Se originou em qualquer tempo da
eternidade. Ele sempre existiu e sempre existirá.
(3) Como podemos interpretar corretamente o Salmo 2:7?
Consideremos a explicação baseada num paralelismo bíblico. Se tivermos o apoio
de outros escritores inspirados,
conheceremos a devida significação.
(a) Em At 13:33, Pedro disse
que Deus ressuscitou a Jesus Cristo e cumpriu o Salmo 2:7. Paulo também
tem o mesmo pensamento, e disse que Cristo "foi designado ('constituído',
BJ) Filho de Deus ...pela ressurreição dos mortos". (Rm 1:4).
(b) Em Heb 1:5, Paulo
aplica as mesmas palavras de Davi para a divindade de Cristo,
comparando-O aos anjos, quando disse: "Pois a qual dos anjos disse jamais:
Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será
Filho?"
(c) Mas em Heb. 5:5, Paulo
introduz um novo significado: Ele diz que quando Cristo foi constituído Sumo
Sacerdote, cumpriu-se mais uma vez o Salmo 2:7.
(d) Mas há um outro sentido
em que estas palavras foram usadas, e que corresponde mais diretamente ao
sentido e ao contexto do Salmo 2:7. Natã
recebeu uma palavra de Deus que dirigiu a Davi, referindo-se a Salomão, e usou
a mesma linguagem do Sal. 2:7: "... Eu estabelecerei o seu trono para
sempre. Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho." (1Cr
17: 12-13). Estas palavras tiveram um cumprimento parcial através de
Salomão, que foi constituído rei por ordem de Deus, que por esse fato, o chamou
de "filho" de modo especial e incomum, porque o constituía como rei
de um reino teocrático. Mas Salomão era um tipo de Cristo. Portanto, estas
palavras em sentido secundário, se cumprem em Cristo, como Rei que reinará para
sempre. Desse modo, o Sal. 2:7 nos diz que Cristo é o Filho de Deus, que foi
"gerado" simbolicamente, porque foi ungido como Rei sobre todos os
reis da Terra.
(4) Portanto, estas palavras do Sal. 2:7
foram interpretadas pelos apóstolos como se referindo à ressurreição, à divindade
e ao sacerdócio e vemos
agora, no Antigo Testamento que estas palavras se aplicam também ao reinado de Cristo e,
consequentemente, confirmam a Sua natureza não originada. Desse modo, sempre
que temos uma unção de Deus a Jesus Cristo, cumprem-se as palavras do Sal.2:7.
(5) Portanto, quando Deus disse:
"Tu és o Meu Filho; Eu, hoje, Te gerei!" dirigiu-se ao Messias, e
emitia o Seu decreto de filiação real para uma Pessoa já existente, não
de um ser que nascia de Sua natureza divina. Não era uma filiação
literal do tipo humano que ocorria, era a linguagem figurada de uma filiação
real, quando Deus constituía ao Messias como o Rei das nações. Assim
aconteceu com Salomão e assim sucedeu com Jesus Cristo.
(6) Quando foi o Messias "gerado"? A resposta do texto é "hoje". Pelo contexto,
"hoje" se refere a um ponto histórico, quando as nações da Terra já
conspiravam "contra o Senhor e contra o seu Ungido". Num momento da
História, quando já existiam os reis da Terra Se opondo ao Senhor, Ele chamou o
Seu escolhido que já existia por toda a eternidade, e Lhe disse: "Tu és o
meu Filho! Eu, hoje, Te gerei". Assim, foi ungido o Messias como Rei. E
então, foi chamado de "Filho".
(7) Mas o que significa ser Jesus Cristo o "Filho" de Deus?
Este foi um grande problema para os judeus do tempo de Cristo, porque eles não
estavam satisfeitos pelo fato de que o Salvador Se intitulava desse modo. Ele
dizia frequentemente que era o Filho do homem, mas também pretendia ser o Filho
de Deus. O que significa isso? João
explica desse modo: os judeus queriam matar a Cristo porque Ele "dizia que
Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (Jo 5:18).
Portanto, a pretensão de Jesus Cristo foi de que Ele era "igual a
Deus" com todos os Seus atributos, não criado nem originado, mas eterno.
4. Qual é a promessa de Deus ao Messias, constituído
como Rei? Qual é a herança do Pai ao Filho? V. 8: "Pede-me, e Eu te darei as nações por herança e as
extremidades da terra por tua possessão." Mas, se Jesus Cristo é o
próprio Criador, e como tal é Dono de todo o mundo, como Lhe promete Deus a
posse da mesma Terra? De fato, como Deus Ele é o Dono do universo, mas como o
Messias Jesus Cristo é o Rei desta Terra. Como Messias, Ele é o Filho do homem
e foi ungido para a salvação deste planeta e recebe de Deus o reinado deste
mundo.
5. Como seria o reinado do Messias? V. 9: "Com vara
de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro." Esta
profecia há de se cumprir em sua fase apocalíptica, na destruição dos ímpios, e
na consumação dos séculos. O apóstolo Paulo usou estas palavras para descrever
a vinda de Cristo e seu efeito sobre os desprezadores de Sua graça (2Ts 2:8).
Finalmente, o apóstolo João também falou de Seu "cetro de ferro", em
um contexto da destruição dos ímpios que finalmente se confirmaram em sua
rebelião (Ap 12:5; 19:15).
IV – O ÚLTIMO APELO DIVINO (10-12)
Os versos finais (10-12) contém o último apelo do Céu para os reis, governantes e povo em geral.
Assim como o Apocalipse tem o último apelo de Deus para o Seu povo, assim
termina o Salmo 2, com 5 imperativos:
(1) "Sede prudentes".
Buscai a sabedoria. Isto é indispensável para termos a segurança da felicidade
e da salvação. Não há mais a perder nas cisternas rotas das loucuras do mundo.
Carecemos de mais prudência.
(2) "Deixai-vos advertir".
Muitos não querem reconhecer os seus erros, e julgam difícil se deixar
persuadir a fim de receber a advertência divina. Isso requer que deixemos o
orgulho de lado, porque sem humildade não podemos conseguir nada diante de
Deus.
(3) "Servi ao Senhor com temor".
O serviço de Deus é o mais alto privilégio de criaturas humanas; mas temos que
servi-Lo com temor, porque se trata de um serviço para o majestoso Rei dos reis.
(4) "Alegrai-vos nEle com tremor".
Como podemos nos alegrar com tremor? A vida cristã é cheia de alegria, mas servimos
a Deus com temor, porque o temor é o equilíbrio necessário para não nos
desviarmos pelos caminhos deste mundo.
(5) Mas são particularmente
interessantes as palavras do último imperativo: "Beijai o Filho
para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se
lhe inflamará a ira." A ira mencionada é a ira do Cordeiro, diante da qual
todos os ímpios correrão, naquele dia da volta de Cristo dizendo aos montes e
rochas: "Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no
trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é
que pode suster-se?" (Ap 6:16-17).
Portanto, o apelo divino é este: "Beijai o Filho!" O beijo nos tempos
antigos era um símbolo de reconciliação, como no caso de Jacó e Esaú. O
apelo para beijar o Filho é um claro chamado à reconciliação com Deus, através
da fé no sacrifício de Cristo, que derramou o Seu sangue para nos reconciliar
com o Pai: "Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com
Deus." (2Co 5:20).
Finalmente, o clímax do Salmo 2 contém estas
palavras: "Bem-aventurados todos os que nEle se refugiam." Como o
Salmo 1 se inicia com uma bem-aventurança, assim termina o Salmo 2.
Houve nos Estados Unidos um juiz famoso,
porém ateu. Certa noite, estando fora de casa a esposa, sentiu-se possuído de
uma convicção de estar errado em relação a Deus e às coisas espirituais e
reais, e agora, que se achava sozinho, pôs-se a refletir sobre o caso. Quando
ela voltou, ele ainda estava imerso em meditações. Ela procurou convencê-lo a
dormir, mas ele não cedeu. Passou a noite em claro, andando para cá e para lá.
Pela manhã, bem cedo, foi para o
escritório, fechou-se no gabinete, e deu ordens para não o interromperem. Tomou
a resolução de não sair por aquela porta antes de ter descoberto a verdade
acerca de Cristo. Prostrou-se de joelhos e começou a orar. Fora educado de modo
a considerar Cristo apenas como homem, de modo que ao ajoelhar-se, orou:
"Ó Deus, tem misericórdia de mim e salva-me!" Continuou assim
clamando muitas vezes, mas nenhum alívio lhe veio. Então ouviu uma voz que
sugeriu que ele dissesse: " - Deus, por amor de Jesus, salva-me!
Mas disse ele:
–
Isso não! Não posso orar assim!
Ali jazia, literalmente estendido no soalho, de bruços, ansiando o
alívio, mas só conseguia dizer:
–
Ó Deus, salva-me!
Afinal, do íntimo da alma angustiada, clamou:
–
Ó Deus, por amor de Jesus, salva-me!
–
Oh – diz ele agora – como a luz irrompeu e o Céu veio para dentro
daquele escritório!
Algo acontecera, e Deus viera em
socorro de sua vida, transformando-a toda, e desse dia em diante ele se tornou
um dos mais nobres membros da igreja. Não encontrara alívio enquanto não reconhecera
que Jesus é o Filho de Deus.
E você, já reconheceu a Jesus
Cristo como o Filho de Deus? Crê nEle, realmente? De fato, se queremos ser
salvos, se queremos ser realmente felizes, temos que seguir o bendito caminho
de Deus e nos refugiarmos no seu Messias, o nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologiaprbiagini@gmail.com
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